sexta-feira, 7 de março de 2008

Para o amor perdido - Fernanda Young



"Fiquei triste. Num momento você estava aqui, no outro já não estava. Igual a um bicho de estimação que morre de repente e somem com o corpo.


Para onde foi tudo aquilo? Que tínhamos tão seguro. Tão certos de sua eternidade. Para onde foi, hein? Meu peito, depósito subitamente esvaziado, aperta-se no meio de tanto espaço.Tento identificar o instante, quando o que tínhamos se perdeu. Mas nem sei se o perdemos juntos ou se juntos já não estávamos. Me desespera saber que um amor, um dia desses tão grande, possa ter desaparecido com tanta facilidade.


Como já disse, estou triste; e isso me faz acreditar no poder das cartas. Não falo de tarô, mas destas, escritas e mandadas ou não mandadas. Cheias de questões e metáforas, que assim, misturadas cuidadosamente, num cafona português polido, soam mais sensatas.


Qual poder espero desta carta? Simples: que deixe registrado este meu estranho momento. Quando o que devia ser alívio revela-se angústia. E a cabeça não pára, vasculhando cantos vazios.Não gosto de perder as minhas coisas, você sabe. E hoje, cercada pela sua ausência, procuro o que procurar. Experimentando o desânimo da busca desiludida. Pois, se um amor como aquele acaba dessa maneira, vale a pena encontrar um outro? Será inteligente apostar tanto de novo?Aposto que você está pouco se lixando para isso tudo. Que seguiu sua vida tranqüilamente, como se nada de tão importante tivesse ocorrido. E está até achando graça desta minha carta, julgando-a patética e ridícula. Você, redundante como sempre.


Só há uma coisa certa a respeito disso: não desejo resposta sua. É, esta é uma daquelas cartas que não são para ser respondidas. Apenas lidas, relidas, depois picadas em pedacinhos. Sendo esse o destino mais nobre para as emoções abandonadas.


Queria apenas pedir um favor antes que você rasgue este resto do que tivemos. Se algum dia, tendo bebido demais, sei lá, você acabar pensando tolices parecidas com estas, escreva também uma carta. Mesmo sem jamais saber o que você irá dizer, sei que ela fará de mim menos ridícula. Neste amor e, por isso, em todo o resto. Pois adoraria que você fosse capaz de tanto - escrever uma carta é um ato de desmedida coragem. E eu ficaria, enfim, feliz comigo, por tê-lo amado. Um homem assim, capaz de escrever bobagens amorosas.Então é isso - como sou insuportavelmente romântica, meu Deus. Termino aqui essa história, de minha parte, contando que estas palavras façam jus ao fim do amor que senti. E deixando este testamento de dor, onde me reconheço fraca e irremediável. Porque ainda gostaria de poder acreditar que você nadaria de volta para mim."



Não, desta vez não postei pensando em mim... e para a dona disso tudo, minha amiga que já é do coração eu desejo sorte, muita sorte sempre...

5 comentários:

Anônimo disse...

Querida Amiga... Obrigada... bem parecido com o que eu tenho para dizer mesmo... Fico feliz que tenha se lembrado de mim.... muito obrigada por tudo inclusive por suas palavras... milhões de beijos de picolé nesta sexta feira quente... muita paz e muita saude e otimo dia... ontem tive um dizainho que vou te contar... mas depois falamos disso...
Beijos enormes

Julie

Re disse...

Giovana, que texto lindo. Obrigada pelo comentario de feliz aniversário que vc deixou no meu blog. Vou te adicionar a ele. Bjs,

Anônimo disse...

Ameiiii essa carta,aconteceu exatamente isso na minha vida, qdo vi essa carta me emocionei, ali tinham todas as palavras q nao sabia dizer, mandei ela para o meu amor, meu amor perdido.
Não recebi resposta :/ mas desabafei.Ameiii d++
Beijoss

Lara. disse...

Emoções bem descritas..é tudo que a gente sente quando um amor se acaba...chorei ao ler suas palavras, me remete as lembranças e dores...vida de adulto realmente não é fácil...beijos**

Dariane disse...

Belo texto, me ajudou a refletir com as palavras que não fui capaz de expressar .. (:
Espero me sentir melhor um dia.