quarta-feira, 16 de julho de 2008

Tempo


Laura foi uma criança como outra qualquer: gostava de brincar, correr, comer doce, chupar picolé... machucava o joelho, pegava bicho de pé. Tinha um monte de primos e uma avó numa cidadezinha do interior. A casa da avó a princípio era um grande mistério; com tantos quartos e salas ela sempre se via perdida. E o quintal então? Parecia outro mundo. E nesse mundão misterioso ela e os primos se lambuzavam em suas férias. Corriam e se machucavam no meio das árvores: laranjeiras, limoeiros, mangueiras, jaboticabeiras... E ela nem imaginava que um dia se lembraria de tudo aquilo como um tempo bom...
Os primos foram crescendo e os interesses se modificando. Já não ficavam tanto no quintal nas férias, passavam o tempo nas milhares de festinhas e roda de amigos que também iam pras casas de seus parentes no interior. Laura cresceu num ambiente saudável, teve uma adolescência pura e cheia de descobertas. Quando deu seu primeiro beijo confessou à melhor amiga que sentiu um pouco de nojo... Dançou muito ao som dos Paralamas e do RPM. Cantou 14 Bis e Milton Nascimento nas rodinhas de violão. Namorou muito. Fez muitas amizades e assim o tempo passou. Ela se formou no segundo grau. Tentou vestibular pra Comunicação social e não passou. Faltaram poucos pontos, mas ela não passou na primeira tentativa. No ano seguinte se dedicou aos estudos e tentou de novo. Daquela vez um curso mais fácil: Sociologia. Nem precisava dizer que ela passou. Na Universidade fez amizade com o pessoal de Direito. E ela desistiu do curso. Não era definitivamente o que ela queria. E assim a vida foi tomando seu rumo: arrumou emprego, conheceu pessoas. Se apaixonou. Viveu um amor que parecia verdadeiro e se casou. Tempos depois quando voltou à casa da vó com a filha ela se assustou e pensou como a vida passava rápido meu Deus!!!! A vó já não estava mais lá, nem os primos. Só a casa e o quintal permaneciam ali. A casa era bem menor do que ela se lembrava e as árvores um tanto caquéticas. Mesmo assim pôde mostrar a filha onde nascem as laranjas...

2 comentários:

Anônimo disse...

Acho que quando somos crianças, enxergamos as coisas de uma maneira diferente, damos uma dimensão maior do que elas são. Quando visito lugares da minha infância, parecem ser diferentes da atualidade. Ainda mais que há 20 e poucos anos atrás tínhamos uma inocência diferente das crianças atuais.

Casamento feliz disse...

Gostei do seu blog, vou voltar mais vzes

Beiojos